O grupo Caminhos de Si lança, no
dia 4 de novembro, às 20h, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country
(Avenida Túlio de Rose, 80), seu segundo trabalho intitulado “ Caminhos de Si -
O Tempo”. No show, o trio de compositores formado pelos jaguarenses Martim
César, Hélio Ramirez e Paulo Timm, abordarão temáticas como as questões étnicas
e sociais, como por exemplo, a influência indígena e negra no imaginário e na
criação das cidades do sul do continente. Além de questões ambientais como a
preservação dos rios e florestas e incursões pela história e literatura.
O disco, que dialoga com a cultura
pampeana, brasileira e latino-americana, reúne 15 músicas, entre composições
próprias, carregadas na influência da estética da fronteira Brasil-Uruguai, bem
como do restante da América Latina, sem deixar de fora a incorporação de
elementos tipicamente brasileiros, com influências de Renato Teixeira, Almir
Sater, Chico Buarque, Luiz Gonzaga, entre outros.. Martim César, parafraseando
o autor da orelha do disco, Aldyr Garcia Shlee, criador do personagem Don
Sejanes, incluído no projeto através da canção Milonga por Don Sejanes, explica
que as canções, apesar de regionais, são universais. “A gente vai do outro lado
da fronteira sem sair deste. Vai ao exterior sem sair do interior”, comenta.
A diversidade estética do trabalho se dá
através da participação dos músicos Gil Soares, na flauta, Leonardo Oxley, no
violino, Aluísio Rochemback no acordeom, Fabrício Pardal Moura, no bandolim,
Nilton Júnior no piano, além das vozes femininas de Maria Conceição e da
uruguaia Laura Correa, entre outros.
Caminhos de si – O Tempo
Na fronteira de dois mundos: um, o país
continente chamado Brasil; o outro, a América Latina de língua hispânica. Nessa
região, ao sul dos mapas, e que se assemelha muito mais a uma intersecção do
que a uma linha divisória, estamos nós. Mestiços, tanto em nossa formação
genética, como em nossa identidade cultural. Bebemos da fonte de dois rios que
se encontraram lá na Ibéria e que aqui se depararam novamente, mesclando-se,
por sua vez, ao caudaloso rio indígena e ao profundo rio africano. Depois,
outros rios também se mesclaram a nós. Dessa junção é que somos formados. Esse
é o sumo que irriga as nossas veias e é o material invisível que transformamos
em poemas e canções. Em meio a tudo isso, o tempo. Sempre o tempo. O passar de
muitas gerações. Os que vieram antes apontando o rumo, dando um sentido ao que
fazemos e somos. São eles a voz do tempo nos dizendo que a deles - e, por
legado, a nossa - não é uma arte que chega fácil aos ouvidos; não tem essa
pretensão, posto que é mais de conteúdo que de embalagem; mas é, isto sim, uma
arte que tem o intuito de permanecer, de ser rio perene, de gravar no tempo os
seus passos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário