Vereadores
da Câmara Municipal de Canoas,
são suspeitos de exigir parte dos salários dos assessores. De acordo com uma
investigação do Ministério Público, os funcionários eram obrigados a fazer
empréstimos para entregar o dinheiro aos políticos. Durante uma operação do MP
nesta tarde, o vereador Celso Jancke (PP) foi preso. No total, sete mandados de
busca e um de prisão foram cumpridos pela Promotoria Especializada Criminal.
De acordo com o órgão, além de Jancke, outros dois
parlamentares da Casa são suspeitos de exigir parte dos salários de assessores
e se tornaram alvos da ação. Com apoio de PMs, documentos foram recolhidos nos
gabinetes dos vereadores Francisco da Mensagem (PSB) e Doutor Pompeo (PTB),
além de Jancke. Todos são suspeitos de cobrar até a metade dos vencimentos de
funcionários. Alguns deles seriam fantasmas, informou o MP.
O repasse do dinheiro foi comprovado por quebras de
sigilo bancário. Em depoimentos, três assessores afirmaram que Celso exigia
parte dos salários, incluindo o 13º. Além disso, as investigações apontaram que
em alguns casos, empréstimos eram contraídos pelos funcionários para repassar o
“desconto” dos salários de todo o mandato.
Responsável pelo caso, o promotor Flávio Duarte chegou a
comparar o suposto esquema a um "regime de escravidão". “Além da
concussão, que é a exigência de parte do salário e lavagem de dinheiro, a
situação peculiar do empréstimo deixa esse servidor a condição análoga à de
escravo, porque não pode deixar de trabalhar, não pode denunciar
irregularidade, fica quase vinculado durante todo mandato ao vereador”,
explicou.
Um ex-assessor que pediu para não ser identificado
relatou que, na época em que atuava na Câmara de Canoas, recebia quase R$ 10
mil por mês. Porém, para continuar com o cargo, afirmou ter obtido um
empréstimo consignado de R$ 78 mil para um vereador. Além dos R$ 2,5 mil que
eram descontados para quitar o empréstimo, ele diz que entregava mensalmente
mais R$ 1,4 mil ao parlamentar.
"Empréstimo era uma forma de ele quitar as
dividas da campanha. Então, a pessoa que entrava lá, fazia empréstimo para
ajudar nas dividas da campanha dele", disse o servidor.
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