Morreu na tarde de ontem o escritor e jornalista
colombiano Gabriel García Márquez. Após passar oito dias internado em hospital
da Cidade do México, devido a uma pneumonia, seu quadro de saúde permaneceu
delicado. Segundo rumores levantados pelo jornal El Universal, ele estaria se
tratando de câncer nos pulmões, gânglios e fígado, mas a informação não foi
confirmada pela família. Em 1999, foi diagnosticado com um câncer linfático,
mas superou a doença.
Vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 1982, o
autor foi um ícone da literatura latino-americana
e um dos mais renomados representantes do movimento do “realismo fantástico”.
Entre seus livros consagrados estão “Cem
Anos de Solidão”, “O Amor nos Tempos do Cólera”, “Crônica de Uma Morte
Anunciada” e, mais recentemente, “Memória de Minhas Putas Tristes”.
García Márquez, também chamado
carinhosamente de Gabo, nasceu em 6 de março de 1927, na cidade de Aracataca,
Colômbia. Em janeiro de 1929, seus pais se mudaram para o município de
Barranquilla, mas o futuro escritor permaneceu na cidade natal, sob a guarda de
seus avós maternos, Nicolás Márquez e Tranquilina Iguarán. Mais tarde, essas
pessoas exerceriam grande influência sobre as histórias criadas pelo autor.
Aos oito anos de idade, com a morte de
seu avô, mudou-se para Barranquilla, onde voltou a viver com os pais. Foi nessa
cidade que recebeu sua base escolar e iniciou seu mergulho no universo
literário, escrevendo poemas e tirinhas de humor. Durante o ensino médio, morou
em Bogotá, cidade em que, em 1947, começou o curso de Direito, na Universidad
Nacional de Colombia, para agradar a seu pai.
No ano seguinte, os protestos do chamado
“Bogotazo” fecharam a universidade onde estudava e atearam fogo à pensão onde
vivia. Esse episódio levou Gabo à Universidad de Cartagena e a seu primeiro
emprego como repórter, no jornal El Universal. Sua carreira jurídica, no
entanto, não vingou, já que, em 1950, desistiu da faculdade para trabalhar no
El Heraldo, como repórter e colunista, na cidade de Barranquilla, lugar em que
desenvolveu ainda mais seu talento literário.
Em 1954, o jornalista e escritor passa a
trabalhar no jornal El Espectador, mesmo título que publicou seu primeiro conto
(em 1947). Lá, redigiu reportagens e críticas de cinema, além da série de
crônicas “Relato de um Náufrago”, sobre o marinheiro que sobreviveu a um
naufrágio no Caribe, em 1955. A obra gerou grande controvérsia, já que
contestava a versão oficial sobre a causa do acidente, e, por isso, García
Márquez acabou por ser enviado para ser correspondente em Paris. Nessa época,
ele já era casado com Mercedes Barcha, com quem teve dois filhos, Rodrigo e
Gonzalo.
Além da “Cidade Luz”, também foi
correspondente em Nova York, em 1961, em nome da agência de notícias cubana
Prensa Latina. Porém, o conteúdo de suas reportagens e sua amizade com Fidel
Castro, em plena Guerra Fria, desagradaram as autoridades americanas e, por
isso, ele e a família se mudaram para o México, onde passaram boa parte da
vida. Nos anos 70, também viveu em Barcelona, nos últimos anos de governo de
Francisco Franco.
O reconhecimento internacional de seu
trabalho literário veio com a publicação de “Cem Anos de Solidão”, em 1967, que
traz em suas páginas o estilo da escola do realismo fantástico que marcou os
livros do escritor. A partir daí, recebeu diversas homenagens, como o Premio
Neustadt e o Premio Rómulo Gallegos (1972), título de doutor honoris causa da
Universidad de Columbia, em Nova York (1971), e o Nobel de Literatura (1982), pelo
conjunto de sua obra.
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