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Nota da família de Bianca Zanella Bernardon

Nota da família de Bianca Zanella Bernardon repudia o preconceito com pessoas com deficiência, disfarçado de “preocupação”, após tragédia no Cânion Fortaleza

A família de Bianca Bernardon Zanella, a menina de 11 anos que faleceu após cair do Cânion Fortaleza, em Cambará do Sul (RS), se manifestou publicamente para agradecer o apoio recebido e, ao mesmo tempo, repudiar manifestações capacitistas e desinformadas. 

Em uma nota emocionante divulgada pela advogada Carolina Nadaline, a família enfatiza um momento de dor extrema, luto profundo e sofrimento imensurável, fazendo um apelo por respeito e privacidade

A nota expressa profunda gratidão às equipes de trabalho e autoridades de Cambará do Sul, Rio Grande do Sul e Paraná, incluindo o Prefeito de Cambará do Sul, o MCBIO, a tia Sil e, especialmente, o Governador do Estado do Paraná, pela logística de suporte que trouxe conforto à família.

Além de agradecer as manifestações de carinho e solidariedade, a família informa que não concederá entrevistas, visando proteger sua intimidade neste período delicado.

Como advogada da família — e também mulher autista e mãe de criança autista —, Carolina Nadaline condenou veementemente os julgamentos apressados e linchamentos públicos. 

Ela destacou que essas manifestações partem de pessoas que desconhecem a história de Bianca, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista e Síndrome de Smith-Magenis (SMS).

 Nadaline reafirmou que pessoas com deficiência têm o direito de viver plenamente e com dignidade, e enfatizou que a família não tolerará o capacitismo, que é o preconceito contra pessoas com deficiência, disfarçado de “cuidado” ou preocupação. 

A advogada encerra a nota com um apelo contundente: “Respeitem essa família. Respeitem a história de Bianca. Respeitem a Bibi.

Bianca Bernardon Zanella faleceu na última quinta-feira  após cair do alto do Cânion Fortaleza. 

Moradora de Curitiba (PR), ela visitava o local com a família quando o incidente ocorreu, por volta das 13h. Segundo os pais, a menina saiu correndo em direção ao precipício enquanto a família caminhava para um banco para sentar e fazer um lanche. 

O pai tentou alcançá-la, mas não conseguiu evitar a queda.

O resgate mobilizou o Corpo de Bombeiros em uma operação complexa. 

Devido à forte neblina e ao mau tempo, helicópteros não puderam ser usados. As equipes acessaram o cânion por terra, em um esforço que durou cerca de 10 horas e exigiu técnicas avançadas de rapel. 

Por volta dás 23h, os bombeiros chegaram até Bianca, que já não apresentava sinais vitais.

Leia a nota  :

Venho a público, em nome da família de Bianca Zanella Bernardon, inicialmente agradecer às equipes de trabalho e autoridades de Cambará do Sul, Rio Grande do Sul e Paraná, ao Prefeito de Cambará do Sul, ao MCBIO, à tia Sil, com grande afeto, e em especial ao Governador do Estado do Paraná, por toda a logística de suporte que tanto confortou a família.

A família agradece, com profundo reconhecimento, todas as manifestações de apoio, carinho e solidariedade que tem recebido e informa que não concederá entrevistas, protegendo a intimidade e a privacidade da família.

Como advogada que acompanha esta família desde 2023, na busca pela garantia dos direitos de Bianca, registro que este é um momento de dor extrema, de luto profundo e de sofrimento imensurável para pais que sempre se dedicaram com amor, responsabilidade e zelo à sua filha.

Esta é uma ocasião que exige respeito, empatia e silêncio. 

Um instante que pede afastamento de julgamentos apressados e presença solidária diante da mais absoluta dor que uma mãe e um pai podem vivenciar.

Ainda na condição de advogada da família, manifesto meu mais absoluto repúdio às manifestações capacitistas, cruéis e desinformadas de pessoas que não conhecem os fatos, não conheciam Bianca, nem seus pais, nem sua história, e que, mesmo assim, se lançam a julgamentos e linchamentos públicos de uma família já devastada.

Como mulher autista e mãe de uma criança autista, reafirmo:

Pessoas com deficiência têm o direito de viver plenamente e com dignidade.

Não aceitaremos o capacitismo travestido de discurso de “cuidado”.

Não aceitaremos o preconceito disfarçado de “preocupação”.

Para muitos, em uma sociedade ainda estruturalmente capacitista, o “lugar” da pessoa com deficiência seria o confinamento, a invisibilidade, o silêncio. Mas nós não aceitaremos esse destino. Ainda há muitas viúvas dos manicômios entre nós — mas também há quem resista, viva e ame.

Renovo meu pedido de solidariedade, espaço e respeito.

Respeitem essa família.

 Respeitem a história de Bianca.

 Respeitem a Bibi.


Atenciosamente,

Carolina Nadaline

OAB/PR nº 44.712


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