Juramento do Jornalista

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Uma Canoas Farroupilha

O território de Canoas respira os movimentos farroupilhas desde os momentos iniciais desta sangrenta batalha, que durou dez anos.

Relatos documentais nos revelam uma época aonde a área que hoje localiza-se o município de Canoas, era apenas a Fazenda Gravataí de propriedade dos herdeiros de Francisco Pinto Bandeira e que foi palco dos encadeamentos da guerra que assolou o estado entre 1835 e 1845.

Diante das varias mortes desta guerra, destaca-se uma, na qual se tem registro que ocorreu em um capão dessa fazenda, citada como ” o caso deplorável do assassinato do Coronel Vicente”, no jornal ”O Noticiador”.

Um dos motivos seria a posição política do baiano Coronel Vicente Ferrer da Silva Freire, um integrante do partido Caramuru e de uma sociedade que tomou o título de Sociedade Militar a qual pertenciam militares que eram contrariados por Bento Gonçalves e o partido Farroupilha.

José Joaquim dos Santos Ferreira em suas ”memórias”, em 1838, escreveu sobre seu casamento com Dona Maria Luíza da Silva Freire, filha legítima do Coronel Comendador Vicente Ferrer da Silva Freire e de Dona Rafaela Pinto Bandeira Freire, e mencionou que seu sogro havia sido assassinado barbaramente com seu filho Diogo, a 26 de janeiro de 1836; efeitos da revolução que está assolando a Província. 

Ainda relatou em seu diário, uma recordação desta atual época, tão assustadora pela revolução que tem vestido esta família de pesado luto e ameaçada de uma ruína total em sua fortuna, já desfalcada em quase todos os bens moventes.

Nos ”Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul” em uma correspondência de José Tomás de Almeida, Encarregado de diligências, em Porto Alegre, em 1836, o mesmo relata que havia cumprido a ordem de prender, a Maximiano Antônio de Pontes, pelos crimes públicos e inafiançáveis que cometeu quando unido aos rebeldes inimigos da pátria, entre eles o de matar e roubar o Coronel Vicente e seu filho, o que na época era público e notório, e de que ele mesmo se gabava.

As consequências dessa morte trouxeram a família para mais próximo das terras da Fazenda Gravataí, no qual seus herdeiros passaram a constituir núcleos habitacionais que levaram aos primeiros focos de povoamento do que futuramente seria o município de Canoas.

De certa forma, esses fatos históricos legitimam as terras de Canoas, como palco da guerra farroupilha e coloca a cidade como referencia na história dessa revolução, que dá nome de uma de suas ruas para esse personagem desse trágico episodio.

Atualmente, no município, assim como em todo o estado, a semana do 20 de Setembro está no calendário principal das festividades culturais.

Em Canoas, o primeiro centro tradicionalista surgiu em 1955 e até 1993, dezessete novos foram criados.

No que diz respeito às comemorações da Semana Farroupilha, conforme Olegar Lopes, em seu livro 50 anos Repontando a Tradição, durante a década de 80 até 1991, o evento compreendia em um translado da chama crioula, realizada por um piquete de cavalheiros de uma entidade para outra. 

Em 1992 a ronda crioula passou a ser em local único, sendo a Primeira Ronda Crioula unificada de Canoas ou o primeiro acampamento farroupilha. 

O CTG anfitrião, o único dessa nova fase, foi o Sentinela do Rio Grande da Base Aérea de Canoas.

A partir de 1993, por decisão dos patrões com apoio da Associação das Entidades Tradicionalistas de Canoas, as comemorações passaram a ser realizadas no Parque Esportivo Eduardo Gomes.

A mudança para o novo local e sua permanência definitiva só foi possível pelo trabalho de muitas pessoas que não mediram esforços para que isso se concretizasse, destacam-se nomes como Firmo Farias dos Santos, Ivone Frare, Carmo Francisco de Souza, Mariano Kuhn e o Prefeito Municipal de Canoas na época, Liberty Dick Conter, o principal apoiador da ideia.

Os primeiros acampamentos foram realizados na área destinada à pratica de esportes, como nos campos de futebol, o que em grande medida, desagradava os frequentadores do parque, pois danificava os gramados nos dias de chuva.

O pioneirismo do evento contou com a boa vontade de quem acreditava no sucesso do novo modelo. 

No início, um lonão logo na entrada da área, um palco com mastros para as bandeiras e um local reservado para proteger a Chama Crioula fazia parte do cenário que durou aproximadamente nove anos para chegar a situação atual dos galpões permanentes.

Até 2002, o evento era organizado e administrado pela prefeitura, após esse período, um convênio foi firmado com Associação das Entidades Tradicionalistas de Canoas, que durou até 2010, conforme decretos publicados pelo executivo do município, aonde novamente a prefeitura, através da secretaria competente retornou sua administração.

Em 2003, a cancha de laço da campeira foi construída no governo Ronchetti, pelo então secretário de planejamento urbano Luiz Carlos Busato, e passou a fazer parte do cenário do evento, e em 2005, foi sede do 2º Rodeio Internacional de Canoas. 

O primeiro havia sido realizado em 1985 no Parque Getúlio Vargas. 

Foram criados dois prêmios para a personalidade como poeta ou musico que defendesse a cultura tradicionalista riograndense, 

O Prêmio Tradicionalista João Palma da Silva em 1998 e o Prêmio Tio Pedrinho em 2005 para o melhor e mais organizado piquete, além do Festival da Música Nativista em 1998.

No ano de 2019, foi iniciada as obras do multipalco Centro de Evento do Parque Eduardo Gomes e a cobertura da cancha de laço, em 2020 o evento não ocorreu devido aos protocolos de saúde da pandemia.

Em 2021 teremos então no calendário cultural de Canoas, a continuação do evento criado em 1993, com a realização da 28º edição da Semana Farroupilha no Parque Eduardo Gomes.

Por : Edison Barcellos/Historiador e pesquisador

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