A última família venezuelana residente no
Centro Temporário de Acolhimento (CTA) Argentina, em Canoas, deixou o local na
sexta-feira . Faltando menos de 30 dias para o término do convênio de
cooperação de assistência e acolhimento a venezuelanos no município, o maior
CTA do Sul do país foi totalmente desocupado. O Centro, localizado no bairro
São José, acolheu, durante seis meses, mais de 200 refugiados em busca de uma
nova vida. Com a força-tarefa da Prefeitura de Canoas, através da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), e da Fundação La Salle, contratada
para fazer a gestão compartilhada do Programa de Interiorização do Governo
Federal, foi possível dar encaminhamento a todos.
Desde
o dia 12 de setembro de 2018, quando chegaram os primeiros venezuelanos no CTA
Argentina, a rotina no prédio ficou bastante movimentada. Situação bem
diferente da encontrada nesta sexta-feira (8). Com a ajuda da SMDS, a
professora Sukellen Álvarez, de 35 anos, e a filha Helen, de 12 anos,
acomodaram os seus pertences no interior do veículo disponibilizado pela
Secretaria e se despediram do local, em direção à residência alugada no bairro
Mathias Velho. Emocionada, Sukellen mostrou-se contente com esse novo capítulo
na vida da família. “Tenho pai, irmã e sobrinhos na Venezuela. Aqui estou bem,
mas sei que lá eles podem não ter o que comer. Quando posso, envio auxílio
financeiro, mas penso em trazê-los um dia. Voltar, neste momento, não está nos
meus planos”, explica Sukellen.
Ainda
desempregada, a professora agora vai focar na busca por trabalho. O marido,
Douglas Blanca, de 34 anos, está empregado como auxiliar de serviços gerais na
Trensurb, mas ela sabe que precisam de mais recursos financeiros. “Apenas o
salário dele não será suficiente para suprir as nossas necessidades. Por isso,
arrumar um emprego segue sendo a minha prioridade. Já fiz entrevistas, e tenho
certeza que logo a situação melhora”, reforça Sukellen, ainda com dificuldades
na língua portuguesa. A filha Helen já frequenta a rede de ensino municipal de
Canoas, e faz o papel de intérprete dos pais. No caderno, está o capricho das lições,
todas em português. O sorriso tímido não nega: com apenas 12 anos de idade,
além das histórias tristes do seu país, Helen também já tem muitas experiências
felizes para contar.
Com
o fechar da última porta dos apartamentos, a secretária Luísa Camargo comemora
o resultado do trabalho de toda a equipe. “Há seis meses trabalhamos para que
todos pudessem autogerir as suas vidas no país. Nosso principal objetivo sempre
foi encaminhá-los para uma independência financeira, além de auxiliá-los na
adaptação a uma nova rotina de vida. Hoje, encerramos os trabalhos aqui neste
CTA, mas, até o dia 31 de março, estamos focados em encaminhar todos os
venezuelanos do Programa de Interiorização para as suas novas moradias”,
destaca a secretária Luísa, referindo-se aos venezuelanos abrigados no CTA
localizado na avenida Farroupilha, também no bairro São José. Na última semana,
nove famílias do CTA da rua Argentina foram encaminhadas para lá, a fim de
centralizar os esforços em um só local.
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