Diante das afirmações do economista Paulo Tafner,
afirmando que tem trabalhador rural com mão lisa e estranhou que sindicatos dos
trabalhadores rurais se mantenham, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura
no Rio Grande do Sul (FETAG-RS) se manifesta com extrema preocupação e
indignação.
A FETAG contesta essa suspeita generalizada de
fraude colocada sobre os trabalhadores rurais. “Quem afirma que o agricultor
tem mão lisa não conhece o campo, provavelmente nunca teve contato com o
trabalho rural e não sabe de onde vem a comida que vai à mesa do brasileiro”,
explica o presidente da FETAG, Carlos Joel da Silva. “São afirmações
irresponsáveis e que afetam toda categoria de trabalhadores rurais, que tanto
sofre no dia-a-dia, com preços, clima, e principalmente com o trabalho pesado.
Deveriam ter vergonha de falar isso”, complementa.
Nesse momento em que se discute a reforma da
previdência, observa-se uma ampla acusação de fraude dos benefícios rurais, sem
distinção. Duvida-se do trabalho rural com muita facilidade. “São milhões de
agricultores familiares que produzem 70% dos alimentos que estão sendo
colocados sob suspeita”, explica Joel.
O Governo vem anunciando que vai publicar uma Medida
Provisória de revisão dos benefícios, remunerando os servidores que encontrarem
irregularidades. Essa premiação, segundo a FETAG, pode levar o servidor a
cometer injustiça no cancelamento do benefício.
A FETAG compara essa situação a do Chile, em que
muitos idosos cometem suicídio porque não tem o mínimo para sobreviver. “Tirar
os benefícios dos agricultores pode trazer essa realidade de forma muito rápida
para o Brasil. Vai sujar as mãos dos que decidirem cancelar benefícios dos
trabalhadores rurais que se aposentarem regularmente”, alerta o presidente da
FETAG. Ele explica que a entidade não é a favor de conceder benefícios a quem
não trabalhou, mas fazer uma revisão dessa forma, pagando o servidor para
cancelar benefícios é injusto e cruel. A FETAG sabe que tem possibilidade de
buscar o benefício na Justiça, quando indevidamente cancelado, mas questiona: “como
o segurado que tiver seu benefício cancelado injustamente vai fazer para manter
sua qualidade de vida até restabelecer seu benefício novamente na justiça”.
A FETAG entende que a reforma que foi anunciada para
retirar privilégios está começando justamente por aqueles que recebem salário
mínimo, isso porque revisar benefícios é uma maneira de fazer reforma,
especialmente nessa opção de pagar pela revisão.
Outra afirmação completamente descabida do
economista foi quanto aos sindicatos, estranhando que no meio rural eles se
mantém, enquanto entre os urbanos passam por dificuldades. Parece que o
economista quer acabar com os sindicatos, especialmente com os do meio rural.
“Se os sindicatos se mantêm é porque fazem um bom trabalho. Aliás, a maioria
das contribuições é espontânea”, explica Joel. O fato de a população rural
diminuir e os sindicatos continuarem decorre da identidade e da permanência dos
trabalhadores no campo. “Quem está aposentado, mantém-se vinculado, porque se
identifica e se sente representado pelo sindicato”, conclui.
A FETAG não concorda com a retirada dos
trabalhadores rurais da proteção previdenciária. “São pessoas que trabalham uma
vida inteira no campo e não é justo que tem que esperar os 65 anos de idade
para a concessão do benefício assistencial e muitos não terão condições de
trabalhar até lá”, explica o presidente da FETAG.
Direção da FETAG-RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário