Não podemos admitir que as
pessoas enriqueçam financeiramente, tão somente, mas que tenhamos um
posicionamento que represente o desenvolvimento paralelo a nível artístico
–cultural. Porque este posicionamento seria fruto representativo de um povo e
de sua cultura.
É bom que se diga que a cultura
rio-grandense se fundamentou na imigração açoriana, e é lastimável que não
tenhamos consciência disso! Fala-se em cultura italiana, em cultura alemã, e
cultura de influência espanhola, mas não se fala na açoriana que é basilar.
Então é necessário revitalizar muita coisa, para que realmente possamos fazer
um intercâmbio culltural salutar e não apenas consumista.
A Argentina e o Uruguai têm uma
estrutura de cultura pátria ligada ao gaúcho, estamos integrados dentro do
regionalismo nacional, nos diferentes tipos humanos, enquanto que nas bandas
cisplatinas eles fizeram do gaúcho o seu símbolo nacional e nós regional...
Eles, a muitos e muitos anos,
desenvolveram esse amor pátrio de efervescência político social e trouxe um
respaldo cultural, muito mais representativo do que a formação rio-grandense.
Em termos de música, esses países têm registros de cantigas e ritmos de
milonga, chamarrita, pézinho dentre outras como sendo de origem pura
luso-portuguesa, enquanto que nós queremos consumir dos uruguaios, sem
reconhecer às origens, para sermos gaúchos. Então há uma disparidade de trato,
de matéria original.
O pampa é vasto mas os limites político-culturais
são definidos; nós mais influenciamos os uruguaios do que eles á nós
rio-grandenses. Eles copiaram a estrutura do Movimento tradicionalista Gaúcho,
maravilhados! E é isso que faz com que tenhamos, ainda mais a certeza de que
precisamos nos embasar para passar cultura para as futuras gerações,
preservando a identidade cultural do que é nosso.
Precisamos, para preservar e
para efetivar um intercâmbio, achar nossas raízes, nossos hábitos e a nossa
fundamentação cultural. Querer conceituar a importância da Tradição e do
Movimento Tradicionalista, é, simplesmente, consagrar uma verdade reconhecida
por todos; a filosofia da causa não se precisa falar mais, agora... o conceito
de cultura popular rio-grandense é que não está sendo dimensionada com o mesmo
respeito e mérito em relação as outras formas culturais existentes. O movimento
popular pastoril rio-grandense está aí, pedindo socorro para ter espaço de
conceituação só que as autoridades culturais do RS fazem vistas grossas a esta
realidade, valorizando e trazendo de outras regiões outras culturas e deixando
de identificar a própria cultura regional, não dando respeito aos valores que
irão potencialidades de renovação.
Ê se em festivais
realizados coisas como, após a seleção das músicas participantes, a realização
de shows tipo rock, e outros ritmos que nada tem haver com o teor do festival,
então aí começamos a questionar. A música popular rio-grandense é uma e a
música popular regional gaúcha é outra; há espaço para as duas só que não
devemos misturá-las com o objetivo de uma justificar a outra.
Não vamos fazer música popular
brasileira e rotular como nova, nativismo e por aí... Vamos assumir e não encapá-la de regionalismo.
O Movimento Tradicionalista Gaúcho existe, com trabalhos escritos, estatutos
normatizadores conceituando-os de nativismo. O que é Nativismo? Onde está escrito sua filosofia e definição. Nativismo nasceu dos festivais, foi um
casamento salutar que renovou muito mais que a música, renovou os valores
humanos, havendo enriquecimento muito mais que a música, renovou os valores
humanos, havendo enriquecimento poético. É louvável. Mas, além de toda
renovação, o nativismo trouxe uma mistura de linguagens absurdas como:
“Centauro dos Pampas” – o que é isso? Que se saiba centauro é uma figura
mitológica, trouxe confusão de ritmo com gênero musical; não podemos misturar
linguagens e dizer que é original. A realidade é que a natureza é pura e
harmônica e o povo vai por essa pureza e por essa harmonia e na fase criativa,
não se pode misturar o que não se conhece profundamente, criar sim mas nunca esquecendo a base, o conhecimento de
origem de tudo.
Os festivais consagraram, e
consagraram por anos músicas e ritmos diversos só que por exemplo, a milonga que se escutou a cinco anos
atrás comparada com a milonga de agora não mudou, o nosso músico não enriqueceu
a milonga e no entanto existe mais de 20 diferentes melodias de milongas.
Na Argentina a milonga é tocada por pauta, ela é pautada e não orelhada, vejam
só! Mas apesar disso, os festivais aproximaram os músicos, letristas, poetas e
cantores. Houve um enriquecimento, uma valorização e uma diversificação
temática, valorizando as figuras humanas do nosso pago, os hábitos e os
elementos que integram a comunidade pastoril, houve reformulação e valorização
das coisas daqui; mas verdade seja dita, os festivais surgiram dentro dos
CTG’S. E com apoio deles para serem o que são hoje, na sua maioria, grandiosos
e criadores.
(Fonte: Coleção e acervo
pessoal da Revista Nativa de Tanise Ramos Feliciani)
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