O Alabê Ôni - grupo de músicos pesquisadores de
percussão e manifestações de raiz africana do Rio Grande do Sul - lançou
oficialmente ontem, o projeto Berço
do Batuque no RS: Mestre Borel - Toques e Cantos da Nação Oyó-Idjexá.
Vencedor do 4ª Prêmio Nacional de Expressões Culturais
Afro-brasileiras na categoria Música - Preservação, o projeto tem
como objetivos garantir a permanência, a preservação e a divulgação dos saberes
Oyó-Idjexá, por meio do legado musical deixado por Mestre Borel, principal babalorixá do Batuque no RS, que se
constituiu como o principal guardião da memória da Nação Oyó Idjexá. Filho de
uma nigeriana, carnavalesco, pesquisador da cultura afro no Brasil, escritor e
alabê (tocador de tambor) de tradição, Borel foi reconhecido apenas na primeira
década do século XXI. Falecido aos 103 anos, era fluente em iorubá e tamboreiro
desde criança.
A partir da produção de
um CD, serão regravados e
relidos os cantos e toques da Nação Oyó-Idjexá pelo grupo Alabê Ôni, do qual
faz parte Pingo Borel, filho de Mestre Borel, griô e alabê da segunda geração.
O CD será distribuído gratuitamente para pontos de cultura, comunidades
quilombolas, instituições ligadas ao movimento negro, escolas e universidades
interessadas no conhecimento Oyó-Idjexá.
O projeto também está
lançando um canal de vídeos no
Youtube , onde estarão disponíveis registros visuais/audiovisuais
do acervo de Mestre Borel, como entrevistas e trechos de audiovisuais coletados
com direito de uso, além de outros materiais que serão produzidos especialmente
para o projeto, como vídeos de pesquisa historiográfica do batuque no RS, a
memória viva do griô de segunda geração Pingo Borel e vídeos gravados com grupo
Alabê Ôni, pesquisadores e comunidades ligadas ao batuque. Os vídeos serão
publicados sistematicamente, desde agora até o final de outubro. Todo o
conteúdo será disponibilizado de maneira aberta e livre para qualquer pessoa
interessada e ainda contará com ferramentas de acessibilidade, permitindo que o
projeto tenha acesso universal.
O trabalho de organização do
acervo está sendo realizado pela historiadora Leticia Bauer, especialista em patrimônio material e imaterial. O
público também pode acompanhar o andamento do projeto no blog https://projetobercodobatuquers.wordpress.com.
O Alabê Ôni prepara, ainda,
um show de lançamento do CD em
Porto Alegre/RS. O show, previsto para acontecer no final de outubro, poderá ser
acompanhado de qualquer parte do mundo, pois terá transmissão ao vivo, via streaming.
Dessa forma, o Berço
do Batuque contribui para disseminar e partilhar saberes da
cultura popular e de matriz africana questionando diretamente a formação da
identidade gaúcha engendrada na metade do século XX: "A associação do
folclore e da cultura local com a tradição afro junto aos tambores vem sendo
objeto de esforço de segmentos negros da sociedade gaúcha na atualidade. No
cenário político que vivemos hoje no país, é essencial reforçar a diversidade
cultural formadora do RS em suas diversas matrizes originárias, reconhecendo
práticas e costumes de uma cultura que tem ampla abrangência na construção
econômica, identitária e social do sul do Brasil", afirma Richard Serraria, músico integrante do
Alabê Ôni e coordenador geral do projeto.
O projeto também contribui
para promover a música negra no estado, gerar reflexão e conhecimento e elevar
a autoestima das comunidades negras e batuqueiras, promovendo o respeito à
diversidade cultural e combatendo a discriminação, o racismo e o preconceito.
O Prêmio Afro é promovido pelo
Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves - CADON, com apoio institucional da Fundação Cultural Palmares,
instituição vinculada ao Ministério
da Cultura (MinC) / Governo Federal. A Petrobras é a patrocinadora do projeto, que conta, ainda, com
o apoio do Coletivo Catarse e
da Sete Sóis.
Fonte:Adriana Martorano Comunicação
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