Italvino e Diva receberam a bênção do
padre em uma igrejinha do interior de Três Passos, há 65 anos, e cumpriram
exemplarmente a promessa de se amarem na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, até que a morte os separasse. Na sexta-feira, o aposentado e a dona de
casa se despediram da vida do jeito que sempre a percorreram: de mãos dadas.
Aos 89 anos, Italvino Possa
enfrentava, desde 2013, uma leucemia que lhe minguava as plaquetas. Em abril
deste ano, Diva, 80, descobriu um tumor na bexiga cujo prognóstico, ruim, a
obrigou a ocupar um quarto desde lá no Hospital São Lucas, em Porto Alegre,
onde também, de tempos em tempos, o esposo era submetido a transfusões de
sangue. Mesmo debilitado, ele não perdia as esperanças de recebê-la de volta na
casa do bairro Jardim Itu Sabará, na zona norte de Porto Alegre, onde
costumavam reunir família e amigos para comer guloseimas e jogar conversa fora.
Italvino
sempre procurou esconder da companheira a gravidade do seu estado de saúde. Não
queria preocupá-la. Na quarta-feira à tardinha, dona Diva, quase silenciada
pela doença, pediu para reunir seus queridos: marido, 10 filhos, 14 netos, seis
bisnetos.
Durante o encontro, seu Italvino
chorou.
Na madrugada,
já em casa, ele chamou pela mulher no meio do sono. Enquanto isso, o câncer
desligava o último órgão que ainda vivia em Diva, o rim. Na telepatia do fim, o
idoso teve uma hemorragia e pediu para ser internado — uma surpresa para o
médico nefrologista Fernando Tettamanzy.
— Brincávamos
que ele vivia se esquivando de mim, pois relutava muito em ficar internado.
Penso que quis isso para acompanhar os últimos momentos da companheira — afirma
o médico.
Uma enfermeira
tratou de colocá-los no mesmo quarto. Mais: juntou as duas camas. Como em uma
resposta automática, os dois se deram as mãos.
— Aperta a mão
da tua namorada e tenta ficar calmo — sugeriu a enfermeira ao idoso.
Seu Italvino morreu em
poucos instantes. Dona Diva não demorou a acompanhá-lo: se foi 45 minutos
depois.
Fonte:D.G
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