A história oficial do Rio
Grande do Sul sempre omitiu a importância da participação dos negros na
Revolução Farroupilha e a sua contribuição para a formação da cultura gaúcha.
Com o objetivo de superar essa invisibilidade e resgatar a atuação dos Lanceiros
Negros será instituída nesta sexta-feira,(Dia Internacional de Combate ao
Racismo), às 10h, na sede da Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore
(FIGTF), a Comissão Estadual para organizar e orientar a programação
alusiva aos 170 anos da batalha de Porongos, ocorrida em 14 de novembro de
1844.
A comissão será responsável
pela criação e coordenação da progmramação alusiva aos 170 anos da Batalha de
Porongos, assim como a recomendação da elaboração de estudos e pesquisas e
incentivo a realização de campanhas relacionadas ao melhor entendimento da
importância dessa batalha, da importância da comunidade negra na Guerra
Farroupilha e do combate ao racismo e invisibilidade negra na cultura gaúcha.
Além disso, a comissão vai apoiar a criação de comitês ou comissões
assemelhadas nas esferas regional e municipal para monitoramento e avaliação
das ações locais.
Para o diretor técnico da
Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (FIGTF), Claudio Knierim, a
comissão começa a atuar em um momento que o Rio Grande do Sul é palco de
atitudes racistas principalmente no esporte. “É ocasião para reafirmar a
importância do povo negro na construção da identidade do Estado e na Guerra
Farroupilha””. O diretor explica que a comissão não vai se restringir a
essa questão, mas vai promover a organização de atividades culturais e debates
pelo Interior, assim como encaminhamento de propostas ao Poder Público. Knierim
adianta que uma das propostas é incluir no calendário escolar e de eventos a
data de 14 de novembro como abertura da Semana da Consciência Negra.
A comissão - criada pelo
decreto estadual 50.843 de 12 novembro 2013 - é coordenada pela FIGTF e
composta por representantes do Gabinete do Governador; Procuradoria Geral do
Estado; Secretarias de Cultura, Educação, Segurança Pública, Justiça e
Direitos Humanos e Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da
Comunidade Negra (Codene). Poderão integrar a comissão outros órgãos e
entidades da Administração Pública Estadual, da sociedade civil e representantes
do Movimento Negro Unificado (MNU), União de Negros pela Igualdade (Unegro),
Movimento Quilombista e Organização de Mulheres Negras – Maria Mulher.
Batalha de Porongos : Porongos foi palco, no final da
Revolução Farroupilha, de um dos mais trágicos acontecimentos da história do
Rio Grande do Sul e do Brasil – o massacre dos intrépidos negros
farroupilhas, notabilizados como Lanceiros Negros, que lutaram pela
República, na esperança da liberdade prometida e que, ao invés disso, foram
barbaramente aniquilados na madrugada de 14 de novembro de 1844. Uma das
questões menos estudada e conhecida da Revolução Farroupilha é a contribuição
dos negros nessa luta e o destacado papel que nela tiveram os célebres
Lanceiros Negros.
Lanceiros Negros : Eram negros livres ou libertados
pela República - com a condição de lutarem como soldados pela causa republicana
– ou por ex-escravos pertencentes aos imperiais. Em sua maioria foram
recrutados entre os negros campeiros e domadores das Serras dos Tapes e do
Herval (Canguçu, Piratini, Caçapava, Encruzilhada e Arroio Grande), na zona sul
do Estado. Inicialmente comandados pelo tenente-coronel Joaquim Pedro Soares,
mais tarde tiveram por chefe o major Joaquim Teixeira Nunes. Participaram da
expedição a Laguna com importante papel na constituição da República Juliana.
Eram a tropa de choque do exército farroupilha. Foi tão grande o seu papel, que
em 31 de agosto de 1838, foi formado o 2º Corpo de Lanceiros Negros, com 426
combatentes.
Fonte:Rita Escobar/Imprensa Igtf
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