Noel Borges do Canto Fabrício da
Silva, o Noel Guarany, nasceu no dia 26 de dezembro de 1941, em Bossoroca,
então distrito de São Luiz Gonzaga, na região das missões no Rio Grande do
Sul e viveu até a adolescência, além de sua terra natal, em Garruchos e São
Luiz Gonzaga (Bossoroca emancipou-se em 12/10/1965).
Noel, em 1956, com quinze anos de
idade, aprendeu tocar sozinho seu primeiro instrumento, um violão com apenas
três cordas, depois acordeon. Somente mais tarde passou a usar o violão que
se transformaria em seu companheiro inseparável, instrumento com o qual
desenvolveu uma técnica própria de tocar.
Em 1960 emigrou para a Argentina, onde
trabalhou como tarefeiro de erva-mate, lenhador e balseiro. Esteve em Buenos
Aires, depois foi para o Uruguai, Paraguai e Bolívia, lugares onde conviveu
com muitos músicos, aperfeiçoou sua arte de tocar violão e aprendeu muito
sobre a cultura musical desses países.
Entre 1960 e 1968, peregrinou por
todos os países do Prata e por estâncias do Rio Grande do Sul tocando,
cantando e aprofundando seu conhecimento sobre a cultura regional.
Em 1970, Noel e Cenair Maica venceram
o VII Festival do Folclore Correntino, em Santo Tomé, na Argentina, com a
música Fandango na Fronteira, sendo muito elogiados pelo diretor da Rádio
L.R.A. 12, em vista das participações em dois especiais naquela emissora e do
grande destaque e sucesso que conquistaram.
Em 1971 Noel gravou seu primeiro LP, "Legendas
Missioneiras", que teve como parceiros os gaúchos Jaime Caetano Braum,
Glênio Fagundes e Aureliano de Figueiredo Pinto. Nesse ano e no ano seguinte
viajou por vários estados fazendo apresentações e divulgando o disco.
Em 1980 começou a se manifestar a
doença que iria progressivamente lhe tirar todos os movimentos e condená-lo a
um calvário (ataxia cerebral degenerativa), que se arrastou por muitos anos,
fazendo com que esquecesse as letras das músicas, o que o deixava mais
inquieto e amargo. Percebendo que algo de anormal estava lhe acontecendo,
passou a beber com mais freqüência.
Em 1983 quando morava em Itaqui,
escreveu uma carta aberta para a imprensa, expressando o seu descontentamento
com o descaso dos órgãos públicos para com a classe dos artistas que gravavam
discos. Finalizou a carta dizendo que pararia de cantar até que as
autoridades tomassem providências a respeito do assunto.
Em 1985 se retirou dos palcos, atitude
coerente com o que afirmara na carta aberta que divulgou para a imprensa em
1983.
Em 1988 gravou com Jorge Guedes e João
Máximo, parceiros de São Luiz Gonzaga, o LP "A Volta do
Missioneiro". Nesse ano também gravou com Jaime Caetano Braum, Pedro
Ortaça e Cenair Maicá o LP "Troncos Missioneiros". Nesse disco já
se pode notar que a doença estava afetando o seu registro vocal, pois o vigor
e a clareza de outros tempos já não era os mesmos. Nesse ano foi relançado o
LP "De Pulperias".
|
Nos anos seguintes Noel permaneceu recolhido em seu auto
exílio, em Santa Maria. A imprensa de todo o Estado, os colegas artistas e os
amigos questionavam a ausência do ídolo missioneiro. Sua vida seguia uma
via-crucis, com a doença que cada vez mais se acentuava e que aos poucos lhe
tirava toda a atividade motora.
No dia 6 de outubro de 1998, com 56 anos
de idade, Noel Guarany faleceu na Casa de Saúde de Santa Maria. Seu corpo
transladado para o município de Bossoroca, sua terra natal, onde hoje repousa
em um mausoléu especialmente construído para abrigar os restos mortais de seu
filho mais popular, que morreu autêntico como sempre viveu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário