Na suplência da
bancada do PT, Baba Diba de Iyemonja tomou posse como vereador durante sessão
ordinária da Câmara Municipal de Porto Alegre, na tarde de ontem. “O povo de
terreiro é o povo que eu represento”, afirmou ele na tribuna do Plenário Otávio
Rocha em seu primeiro pronunciamento, e completou: “Quero fazer desses três
dias quatro anos e apresentar projetos de lei que dignifiquem nosso povo e a
igualdade de direitos”. Baba Diba substitui o vereador Aldacir Oliboni (PT),
que está em licença de saúde até o próximo dia 11.
Ao agradecer a oportunidade de exercer a
vereança no Legislativo da Capital, Baba Diba, contudo, lamentou que o
Regimento Interno da Câmara Municipal vede aos vereadores o uso de trages de
religião em plenário. “Eu poderia estar pilchado”, destacou ao se referir às
normas da Casa. “Nossa matriz não é apenas europeia (ao se referir à
obrigatoriedade masculina do uso de paletó e gravata). Nossa sociedade é
formada por outras matrizes civilizatórias, como a asiática e a africana”,
criticou. “Todos fazem parte e constroem nossa sociedade.”
O suplente também destacou o fato de, no
momento e de modo oficial como vereador, ser de um setor da sociedade, as
religiões de matriz africana, que nunca teve representantes na Câmara
Municipal. “Represento o povo que sempre esteve nas galerias reivindicando
direitos; o povo da periferia, dos terreiros, que luta para garantir o pão de
cada dia, pelo direito de tocar o seu tambor e professar a sua fé; o povo
molestado por conta de sua orientação religiosa”. Ele igualmente criticou
formas de racismo comercial e ambiental sofrido pelos adeptos dessas religiões.
Baba Diba lembrou ainda que uma de suas
propostas como vereador tratará justamente da possibilidade de haver a
concessão de um alvará especifico para os terreiros. Conforme explicou, muitas
vezes as sedes dessas atividades religiosas são casinhas com paredes de
compensado, em terrenos de ocupação, onde também não há certificado de
propriedade. “Por isso não temos nem ‘habite-se’”, lamentou. “Temos de criar um
alvará específico. Porto Alegre tem mais de 15 mil terreiros, é uma população
expressiva”, afirmou. “Nesse mandato de três dias vou mostrar para nosso povo
que é possível estar aqui.”
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