A presidenta afastada Dilma Rousseff divulgou hoje, no
Palácio da Alvorada, uma carta batizada de “Mensagem ao Senado e ao povo
brasileiro” na qual ela admite que cometeu erros na gestão do País e propõe a
realização de um plebiscito para consultar o eleitorado sobre uma eventual
antecipação das eleições presidenciais de 2018.
O manifesto de quatro páginas foi apresentado pela própria Dilma
em uma entrevista coletiva realizada na residência oficial da Presidência da
República.
“Meu retorno poderá contribuir decisivamente para o surgimento de
uma nova e promissora realidade política. Minha responsabilidade é grande. Na
jornada para me defender do impeachment, me aproximei mais do povo, tive
oportunidade de ouvir seu reconhecimento, receber seu carinho. Ouvi críticas
duras ao meu governo. Há erros cometidos e medidas políticas que não foram
adotadas”, diz trecho da carta.
“Todos sabemos que há um impasse gerado pelo esgotamento do
sistema político, seja pelo número excessivo de partidos, pelas práticas
políticas questionáveis a exigir profunda transformação nas regras vigentes.
Estou convencida da necessidade e darei apoio irrestrito à convocação de
plebiscito para consultar a população sobre a realização antecipada de
eleições, bem como sobre a reforma política e eleitoral”, escreveu a petista em
outro trecho do manifesto.
Em meio ao documento, Dilma fez um apelo aos senadores para que
não cometam o que ela classificou de uma “injustiça” ao condenar uma inocente.
Ela também comparou a atual situação política do País com o tempo em que foi
presa pelo regime militar na década de 1970.
Segundo a presidente afastada, ela teve que resistir “ao cárcere e
à tortura”, mas não gostaria de ter que resistir “à fraude e a mais infame
injustiça”.
“O que peço aos senadores e senadoras é que não se façam a
injustiça de me condenar por um crime que não cometi. Não existe injustiça mais
devastadora do que condenar um inocente. A vida me ensinou o sentido mais
profundo da esperança. Resisti ao cárcere e à tortura. Gostaria de não ter que
resistir à fraude e à mais infame injustiça”, declarou na mensagem dirigida ao
Senado.
O principal objetivo da mensagem é tentar obter o apoio, no
julgamento final do processo impeachment, de senadores que ainda estão
indecisos. O julgamento de cinco dias terá início em 25 de agosto.
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