Um poema inédito de Mário Quintana foi encontrado em Porto Alegre,dentro de um livro do poeta que foi vendido a um sebo...
"Canção do primeiro do ano"
Pelas estradas antigas
As horas vêm a cantar.
As horas são raparigas,
Entram na praça a dançar.
As horas são raparigas…
E a doce algazarra sua
De rua em rua se ouvia.
De casa em casa, na rua,
Uma janela se abria.
As horas são raparigas
Lindas de ouvir e de olhar.
As horas cantam cantigas
E eu vivo só de momentos,
Sou como as nuvens do céu…
Prendi a rosa dos ventos
Na fita do meu chapéu.
Uma por uma, as janelas
Se abriram de par em par.
As horas são raparigas…
Passam na rua a dançar.
Janela da minha vida
Aberta de par em par!
As horas cantam cantigas
E, de novo, tem lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Em tuas mãos distraídas…
Mario Quintana
Porto Alegre, 1/1/41
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